- 19/12/2016 por Decio Wertzner
O erro humano e os acidentes do trabalho
Podemos definir ato inseguro, como a ação das pessoas ao se expor, de forma consciente ou não, a risco de sofrer acidentes. Atualmente o ato inseguro é apropriadamente considerado como fator humano que contribui para a ocorrência do acidente do trabalho.
É possível identificar seis fatores associados a erros humanos como causa de acidentes.
Falta de Capacidade: Falta de qualificação para a execução da tarefa. Reflete a carência de conhecimento, treinamento ou habilidade para o exercício de determinada função ou para a execução de tarefa específica.
Falta de Aptidão Física ou Mental: Está associada a duas circunstâncias: ou o indivíduo não preenche o perfil mínimo para ocupar uma função ou fatos circunstanciais alteram momentaneamente essa aptidão (ingestão de álcool, drogas, uma noite mal dormida etc).
Falha devido a Condições Ergonômicas Inadequadas: Estão associadas ao ambiente inadequada, a máquinas e equipamentos não protegidos ou inapropriados.
Falha na Informação: Nessas circunstâncias, o acidente acontece porque quem executava a tarefa não dispunha de alguma informação ou de ciência de fato que alguém conhecia e ele não. Decorre de deficiência no sistema de comunicação.
Falha por Deslize: a pessoa tem a informação necessária, tem qualificação e capacitação adequadas, tem aptidão e motivação, e mesmo assim em determinado momento esquece de cumprir determinado passo ou etapa. Esse tipo de erro não pode ser evitado pelo treinamento.
Falha devido a Motivação Incorreta: Decorrem do excesso de confiança, comum nas pessoas mais experientes que ignoram alguns passos e precaução na execução da tarefa, tomando atalhos.
Um exemplo trágico de excesso de confiança, foi a acidente com o avião da empresa Lamia que levava o elenco da Chapecoense para a Colômbia e caiu matando 71 pessoas.
A direção da empresa admitiu que "o avião deveria ter reabastecido em Bogotá" ao invés de seguir viagem para Medellín. Ao decidir por não parar na capital colombiana, o piloto Miguel Quiroga desconsiderou o risco de prosseguir a viagem com baixo nível de combustível na aeronave, o que gerou a tragédia na aproximação de Medellín.
"O piloto é quem tomou a decisão de não pousar, porque julgou que tinha combustível suficiente. "No plano de voo havia a opção de a aeronave parar em Cobija (na fronteira da Bolívia com o Brasil), sendo também opção, a parada em Bogotá para reabastecimento.
O piloto não levou em consideração a possibilidade da ocorrência de algo fora de seu controle, como outra aeronave em situação de emergência, o que de fato ocorreu com o avião que estava a sua frente, fazendo com que ele tivesse que circular o aeroporto antes do pousar. Sete minutos de consumo de combustível para os quais ele não estava preparado, e que foram fatais.
Decio Wertzner – Fazer Segurança – dezembro/2016.